MULTICULTURALISMO
Multiculturalismo
Mestrado em Sociologia Política (UFSC, 2014)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011)
Entende-se por multiculturalismo tanto os estudos
acadêmicos quanto as políticas institucionais que se desenvolvem em
torno das questões trazidas pela emergência das sociedades
multiculturais. Uma sociedade multicultural é aquela que, em um mesmo
território, abriga povos de origens culturais distintas entre si. As
relações entre esses grupos podem ser aceitação e tolerância ou de
conflito e rejeição. Isso vai depender da história da sociedade em
questão, das políticas públicas propostas pelo Estado e, principalmente,
do modo específico como a cultura dominante do território é imposta ou
se impõem para todas as outras. A convivência entre culturas diferentes
não é uma questão nova, mas que se se intensificou nos últimos anos
devido a acontecimentos marcantes.
Não é possível entender o multiculturalismo fora do contexto do fenômeno da globalização.
O desenvolvimento acelerado dos meios de transporte e das tecnologias
de comunicação aproximaram diferentes regiões do mundo, criando redes
industriais e financeiras complexas e uma economia multinacional,
interdependente e insubmissa às fronteiras nacionais. Com o fim da Guerra Fria,
os Estados Unidos passam a hegemonizar culturalmente todo o planeta.
Seus produtos, filmes, músicas e formas de ver as coisas se espalham
globalmente gerando o que se chama de “americanização”
do mundo. Frente a esse fenômeno de hegemonização dos padrões culturais
globais, as culturas tradicionais se fortaleceram, reagindo contra a
massificação dos modos de ser. Por outro lado, apesar da massificação,
vemos que essas comunidades culturais locais são capazes de se apropriar
de partes da cultura americana, transformando-as em uma algo novo e
diferente do original. No Brasil, o funk e rap são um exemplo claro dessa possibilidade.
Outros processos importantes que influenciam no surgimento das
sociedades multiculturais, são as lutas pela independência que ocorrem
nas colônias europeias da segunda metade do século XX, especialmente na
África e na Ásia. O cenário pós-colonizal gera um processo de resgate
das culturas tradicionais locais e, ao mesmo tempo, pela ligação
histórica, desencadeia um movimento migratório para os países
colonizadores. Também os conflitos de ordem étnica, religiosa e
política, além das deficiências econômicas, são fatores que aumentam o
fluxo migratório. Incentivado por tudo isso e pelo próprio cenário
criado pela globalização, esse movimento migratório transforma de modo
profundo as nações que receberam os imigrantes, colocando em cheque a
capacidade dos estados modernos de gerirem sua nova configuração
multicultural.
Alguns países democráticos têm buscado promover a aceitação e
incorporação de culturas diferentes em seus territórios, valorizando a
possibilidade de se constituírem enquanto nações pluriétnicas. No
entanto, em outros países, a negação de direitos sociais e a perseguição
de minorias culturais são práticas oficiais. Muitas vezes, ainda que
exista uma política multiculturalista oficial, a perseguição é praticada
por pessoas comuns, inflamadas por um sentimento de nacionalismo
e rejeição ao outro. Os ataques violentos organizados por civis aos
abrigos de refugiados de origem árabe na Alemanha são um exemplo disso. O
multiculturalismo emerge a partir das reivindicações de minorias
étnicas que sofrem de opressão histórica em seus territórios, como os
negros e as populações indígenas por todo continente americano,
incluindo o Brasil. O debate em torno desse tema é muito importante e
traz à tona a forma como lidamos, enquanto sociedade, com as diferenças
étnicas, culturais e religiosas que nos cercam.
Bibliografia:
ZORZI, José Augusto. Estudos culturais e multiculturalismo: uma perspectiva das relações entre campos de estudo em Stuart Hall. Trabalho de conclusão de curso para obtenção de Licenciatura em História pela UFRG, 2012
ZORZI, José Augusto. Estudos culturais e multiculturalismo: uma perspectiva das relações entre campos de estudo em Stuart Hall. Trabalho de conclusão de curso para obtenção de Licenciatura em História pela UFRG, 2012
Tem uma parte no texto acima que fala que o multiculturalismo traz entre os grupos aceitação ou tolerância mas também conflito ou rejeição. E hoje pela manha eu estava assistindo um telejornal local, onde era mostrado o Dique do Tororo, ponto turístico em Salvador. E o repórter mencionava sobre as imagens que ali foram colocadas e que para as pessoas que cultuam as religiões de matrizes africanas, são tidas como orixás, mas para adeptos de outras religiões, tais como evangélicos, são imagens que não fazem sentido ou ate mesmo são vistos como demônios. Inclusive na época que foram postas causaram um reboliço na cidade, uns apoiavam e outros não a colocação das mesmas.
ResponderExcluirIsso é fruto da globalização mais antiga que trouxe para os colonos e indígenas brasileiros uma das três religiões Abraâmicas, o cristianismo. Ao trazerem os escravos negros, trouxeram com eles as suas religiões e isso causou mais tarde um choque cultural e religioso. Choque este que advém muito mais por questões político-religiosas que por entendimento do essencial valor das religiões. Instalou-se um desrespeito ao multiculturalismo, este criado de modo impensado e involuntariamente, despropositadamente pelos colonizadores, dominadores. Agora querem tirar o direito às expressões religiosas de todo esse povo miscigenado. Abraço.
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